quinta-feira, 29 de maio de 2008

Tudo o que eu quero...

Não esperei pelo elevador, corri pelas escadas...a respiração ofegante fez-me parar antes de entrar em casa. Esperei um minuto...não te queria acordar...o pé batia no chão, a ansiedade era muita e...nem sei bem porquê...

Entrei. Pé ante pé fui deixando tudo pelo chão...primeiro a carteira ficou ali, na cadeirinha que compramos em Viana, depois o casaco, atirei-o para o sofá, mas acabou mesmo no chão...os sapatos esses, deixei-os algures...não importa bem onde! E lá te vi amor...fiquei um tempo à porta, a conter a respiração para que não me ouvisses, fiquei ali, a contemplar-te, a sorrir para ti, a agradecer ter-te na minha vida...a olhar-te!

Peguei num cobertor e cobri-te...a música ainda tocava [terias adormecido há pouco tempo...] Tocava "Hallelujah"...

Cheguei tarde, a noite foi delas, das amigas...a noite foi de risos, de fofocas, de conversas há muito esquecidas, de desabafos, de "flirts"...confesso que senti saudade de estar predisposta aos "flirts", confesso que senti inveja delas...[notar-se-á que te amo?...a minha noite foi sem "flirts"...]

Mas, eu tinha-te em casa! Aliás, eu tenho-te...e ali estava eu, a olhar para ti...

Apeteceu-me beijar-te...beijei-te a cara, beijei-te o pescoço, beijei-te os lábios...acordaste. Perguntaste-me como foi a noite...sorri-te e...

...apenas te disse:
- "Tudo o que eu quero é poder beijar-te quando me apetecer..."

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Da minha à nossa vida...


O final é meu. O final de uma etapa, o final de mim, o começo de nós.

Observo a minha casa vazia...as paredes estão nuas, têm apenas as marcas dos quadros até então pendurados, o chão é todo igual...não tem mais os meus tapetes. A minha casa está nua. Solto um suspiro e ouço-o uma e outra vez...não gosto do eco que faz. Relembro a minha vida. Dizem que na hora da morte a vida passa-nos na mente num flash, mas agora eu sei que isso também acontece em época de mudanças...tu esperas-me lá fora. O momento é meu. Não sei quanto tempo estive sozinha, só sei que sorri e chorei diversas vezes...olhar os caixotes da minha vida fez-me sentir saudade..não sei bem de quê ou de quem, mas senti...


Fui uma última vez ao quarto, ao meu quarto, deitei-me na minha cama, de solteira, e fechei os olhos. Fechei-os e percorri, deitada, toda a casa...percorri todos os cantos e fiz, uma última vez, a minha rotina de sempre...Sorri e abri os olhos! Já não era mais a minha casa...o meu sofá não estava mais ali, ao canto do quarto, onde voava tantas vezes naquele mar que dali se via...


Fechei a porta. Deste-me a mão carinhosamente...tens consciência da importãncia deste momento para mim. Não proferi qualquer palavra. Não estava triste, não penses...O carro arrancou e fomos. Deixei a minha casa, conduziste-me à nossa casa.


Entrei. O chão está igualmente nuo...A casa faz eco...Os caixotes da minha vida misturam-se com os teus. [já não sei quais os meus...]. Tu sorris e beijas-me. Perguntas-me se estou bem. Sorrio apenas. As paredes estão igualmente nuas, mas não têm as marcas da minha vida...irão ter as nossas. A vista da janela do quarto não é mais o meu mar...mas também não a quero ver...não hoje!


Fechei a porta. Mas agora tu estás lá...


"Anda, vem deitar-te comigo...a cama é grande!"

terça-feira, 20 de maio de 2008

Deusa de mim


Sonhei. Escalei as indomáveis barreiras da vida e sonhei! Palavras, sonhos e sentidos embebecidos num olhar apaixonado invadiram-me, percorreram sem autorização as veias que me formam. Sentimentos angelicais estes que revolveram-me as vísceras!

E assim senti-me Deusa de mim! E assim um anjo soprou-me ao ouvido e disse-me as mais belas das palavras, palavras que não conseguirei mais reproduzir. [o Belo em si]


E assim fui Deusa de mim.

Tive a ousadia de o querer ser uma vez mais [toliçe], uma vez e mais outra, tantas quantas fossem possíveis, tantas que me fizessem desejar não o ter sido...sim, porque a queda é grande demais para suportar! Aquilo que me tornou Deusa, matou-me! O tempo parou e a vida, ai...essa, percorreu-me mas não me permitiu mais percorrê-la mais...Vivi em função de ser Deusa e...afinal, nunca o fui.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Diálogo


- SÓ QUERIA OUVIR A TUA VOZ...
- TAMBÉM ESTAVA A PENSAR EM TI!
- VOAMOS JUNTOS?
- VOLTAREMOS A VER-NOS.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O meu dia

O dia é-me importante e eu percorro a noite acordada. A ânsia da chegada, da sua chegada, a ânsia de não morrer antes do amanhã…a minha demanda de sentido!
Quero acordar a sorrir [não, não me quero lembrar de ti amanhã…desculpa, o dia é meu!], quero acordar feliz [como nunca], quero acordar e pensar que Tenho. O dia é meu…

…Sou quem sempre quis ser, ou melhor, nunca quis ser alguém que não eu. Tenho-vos a vós, família à minha espera…entro naquela porta, enorme, robusta…e vejo-o ao fundo. Encho-me de sorrisos bernardos, estou solta, pinto de branco a paisagem da minha vida. Sou dona do mundo, olho como quem pode olhar o mundo. Toco-te como quem encosta os lábios, como quem beija a primeira vez...Arrepia-me a pele enquanto entro, entro porque sou a rainha de hoje. Tu estás aí e olhas-me. Não desvio o olhar. Sinto que me beijas…à distância…beijas-me enquanto conheces todos os cantos da minha boca [eu deixo]. Conduzo-te até mim. Vem…percorre o caminho que nos separa, percorre-o como quem sobe um rio, e chega até mim. Vem e percorre-me o corpo…Hoje quero. Tu és a minha margem…eu serei o teu rio! Só eu sei quando te alcançar…a força é minha, tu és meu, eu sou dona do mundo! Dialogamos. Não proferimos palavras…as nossas mentes mergulham uma na outra.

As horas passam. A noite contínua a ser. Amanhã será o dia…o meu…
A família não está…a família não é família, é antes um conjunto de pessoas que não se conhecem.
Tu, meu amor, tu não existes.
Eu, eu não sou quem quis ser, não sou feliz, não faço sorrisos bernardos…
O dia sim, é-me importante…mas é de choros, não de risos.

Eu vou...e vou chorar. Porque me lembro de ti, de ti e de nós, porque me lembro de MIM e do meu DIA.

- “não posso ir”
- "eu sei"

domingo, 4 de maio de 2008

Hoje digo nada


Apercebi-me agora que ainda não disse uma palavra hoje...da minha boca não saíu qualquer tipo de som. Este não falar, esta solidão fez-me pensar no dia do hoje...Hoje, disse-te Nada. Hoje, esperávas ouvir-me, Hoje se calhar estavas à espera...Mas, Hoje digo Nada.


Hoje não te posso dizer que és a melhor do mundo...

Hoje é dia de reflexão.
Hoje é dia de medo.
Hoje é dia de tristeza.
Hoje é dia de luto...não da tua morte, mas da tua inexistência em mim.


Hoje tu estás aí e eu aqui. Separadas de tudo. Hoje sei quem foste, Hoje digo que já foste a melhor...Hoje sei que o Monstro venceu e tu deixaste.


Hoje já não és.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O Momento




Hoje é o teu aniversário, hoje faz um ano.


Faz hoje um ano da tua morte. Faz hoje um ano que deixei de ser amada. Faz hoje um ano que tu foste. Faz hoje um ano que estou só.


Parei de chorar por ti. [não, não deixei de te amar]. Parei de sorrir. Parei de ser amada, de ter prazer contigo. Faz hoje um ano...


Faz hoje um ano que o teu corpo forte e robusto foi nada perante um golpe. Lembro-me daquela noite...penso nela todos os dias. Lembro-me do cinema a que fomos...do gelado que comemos enquanto regressavamos a casa [a nossa...à qual tu não regressaste!]. Lembro-me do olhar dele, das palavras duras [a medo], do passa pra cá a carteira, do teu abraço para me proteger, do teu calma calma, do empurrão que lhe deste quando se aproximou de mim, do meu choro choro, do teu calma calma...[és o meu herói, sabias?]


Lembro-me do teu olhar para mim.Não mais olhaste para ele. Ele foi. Tu ficaste nos meus braços, percorreste o meu corpo enquanto caias e eu não te segurava...[não consegui...] Tocaste-me uma última vez enquanto derramavas a cor da morte...enquanto me sujavas com o teu sangue, o teu, o meu! Caíste nos meus braços...caí eu também contigo...apertei-te contra o meu peito [amo-te amo-te amo-te], mas não te disse amo-te. Disse-te não vás...[perdoa-me...o amo-te significaria despedida...]. O teu corpo desapareceu. O teu corpo transformou-se...na cor da morte...gritei por ti amor...gritei por mim!

Tapei-te com um lençol branco...branco para esconder a cor da morte, mas ela é forte amor...ela venceu-me, ela cobriu-te de novo. Quis esconder-te...por momentos pensei em levar-te para a nossa casa, a nossa cama, nos nossos lençois...os lençois do prazer, da paixão...mas foram apenas momentos.

Faz hoje um ano que sinto saudade. Faz hoje um ano que deixei de chorar, que deixou de doer...[mas magoa sabes...]. Saudade do que fomos amor, saudade do que seríamos, saudade do que poderiamos ser...

Hoje não pude deixar de pensar. Não choro amor...Apenas AMO-TE...


Pega, aceita esta flor...