domingo, 3 de maio de 2009

Choro de alegria


Acordei sem pensar em ti. Confesso que nem sonhei contigo...Confesso que tinha mais em que pensar. Ontem a noite encheu-se de dor. Não a minha. A dela. De uma dor tal que me fez não pensar em ti...pensei nela. Ela "precisava-me". Tu não. Aliás, tu não precisas de mim...Tu precisas de sexo e, meu amor, não te posso mais dar.


O dia nasceu. E, de repente, falaste comigo. Falaste de uma forma dura, áspera, renegando o meu ser perante ti. Querias falar comgio, quase acusando-me disto ou daquilo. Não te quis ouvir. [ela dói-me não entendes...]


Voltaste a tentar. O teu desdém fez-me chorar. Retomei a casa, ao meu abrigo. Sabia que iria estar comigo e comigo. Poderia chorar de dor, gritar, sonhar com o teu amor...e vim! Percorri a multidão de olhos vendados. Não vi quem por mim passou...Não os vi, não os quis ver. Um indivíduo aproximou-se de mim, pediu-me uma indicação mas sabes, nem sei qual...acenei com a cabeça negativamente...mostrei-lhe que aquele corpo era uma máquina e eu, eu o seu ser, não estaria ali presente...mostrei-lhe e o indivíduo como apareceu, do nada, desapareceu...Não quis saber.


As lágrimas percorriam a minha face numa dor imensa que me cortou o ar. [O caminho é deveras longo...] Ligaste-me sem parar e, sabes amor, senti a respiração dela ao teu lado...disseste-me que ela queria falar comigo. Como foste capaz?? Gritei de dor. O coração parou e, quando dei por mim estava estendida no chão...ninguém me acudiu, talvez porque o meu corpo continuou a andar, despreocupado do ser que havia deixado ali no chão, estendido, calcado por todos e por todas...


Mas ganhei forças. Ganhei e cheguei à meta. Corri para alcançar o corpo que me havia abandonado e...quando cheguei, esperavas-me, com ela, à porta de casa. Fiquei imóvel. Disse não te querer ver, disse não ter de falar com ela...Mas insististe. Invadiste o meu espaço, permitiste que me humilhasse perante ela.


No entanto perdeste amor...aliás, já não és mais meu amor...mas esqueci teu nome. Falaste-me como quem me odeia perante ela. Ela não. Ela foi gentil e sim, conseguimos falar...[Perdeste] Pus-te fora de casa. A ela não. Ela ficou. Ficámos. Falamos. Tu não. Depois vieste pedir-me desculpa...imediatamente a seguir como se eu já tivésse esquecido o teu desdém...mas sabes, eu mudei. Eu não te quero mais.


Tu, sem nome, não nos tens mais. Tu estás só...Não me peças mais ajuda porque sabes, estou a aprender a amar-me.


Tu homem, não és humano.